No Japão e no mundo, o setor da construção civil é frequentemente visto como um barômetro da economia. Um sinal de prosperidade, inovação e possibilidades. No entanto, atualmente estamos testemunhando um aumento alarmante no número de falências, especialmente entre as pequenas e médias empresas. De acordo com a pesquisa realizada pela Teikoku Databank, as falências no setor de construção estão em um patamar crescente e, em 2024, atingiram um número recorde de 1.566 casos até outubro. Este é o maior aumento que o setor já viu nos últimos dez anos, e esse fenômeno traz à tona questões cruciais, como a grave escassez de mão de obra e a dificuldade em iniciar novos projetos residenciais.
Aumento Recorde de Falências
A situação das pequenas construtoras é críticas. As falências estão aumentando em um ritmo sem precedentes, não apenas superando os altos níveis de 2023, mas também prevendo que o total de falências este ano será o maior da última década. Este crescimento desmedido nas falências pode ser atribuído a uma combinação de fatores, sendo o mais relevante a carência de profissionais qualificados e o aumento extremo nos custos de mão de obra.
Escassez de Profissionais e Aumento dos Custos
Durante os últimos anos, os preços dos materiais de construção, como a madeira, permaneceram em níveis elevados, agravando ainda mais o problema. A escassez de mão de obra no setor de construção civil não só gera dificuldades na contratação de profissionais, mas também aumenta os custos laborais em um nível alarmante. Em setembro de 2024, aproximadamente 69,8% das empresas de construção civil relataram sentir os efeitos da falta de trabalhadores, um número que continua a se manter elevado ao longo do ano.
Além disso, os novos regulamentos que limitam as horas extras desde abril de 2024 complicaram ainda mais as condições para as construtoras. Com menos horas disponíveis para trabalho, a dificuldade de encontrar profissionais capacitados para assumir funções de supervisão e operações pode criar um ciclo vicioso, onde a falta de mão de obra contribui para atrasos nos prazos, que por sua vez resultam em mais pressões financeiras sobre as empresas.
Impacto da Crise na Indústria
O fenômeno da “falência por falta de mão de obra” está se tornando cada vez mais comum. A elevação dos salários decorrente da escassez de profissionais, que chegou a um aumento de cerca de 10% em relação ao ano anterior, foi muito superior ao crescimento da produtividade em diversas indústrias. Esta desigualdade resulta em um cenário onde as pequenas e médias empresas de construção têm dificuldade em se manter competitivas, já que muitas destas companhias não têm a capacidade financeira para acompanhar a escalada dos custos.
Outro aspecto importante é que a falta de profissionais especializados significa que muitas empresas estão perdendo seus melhores talentos para concorrentes, aumentando ainda mais a pressão sobre os negócios que já lutam para encontrar mão de obra. Isso resulta em um círculo vicioso onde a falta de mão de obra leva a obras inacabadas ou atrasadas, gerando insatisfação entre os clientes e, inevitavelmente, falências.
Ambiente Caótico para as Pequenas Empresas
A realidade é que o setor de construção está imerso em um ambiente tumultuado. As altas nos preços dos imóveis, somadas ao aumento das taxas de juros, têm desencadeado um enfraquecimento nas novas construções residenciais. A combinação dos altos custos dos materiais e as dificuldades nas contratações estão criando um cenário onde muitas pequenas empresas não conseguem iniciar novos projetos, exacerbando ainda mais a crise enfrentada pelo setor.
Essas pequenas empresas, sob pressão para aumentar salários e enfrentar a escassez de mão de obra, estão no centro de uma tempestade perfeita que pode levar a um aumento contínuo nas falências. Com as pressões das obrigações de salários aumentando, muitas dessas empresas podem não ter a capacidade de tolerar este ambiente imprevisível.
A crise atual no setor de construção, marcada por um aumento sem precedentes nas falências, revela não apenas a fragilidade das pequenas e médias empresas, mas também expõe questões mais amplas sobre as necessidades do setor e a direcionalidade das políticas públicas. A escassez de mão de obra qualificada não é um problema que pode ser resolvido da noite para o dia, e as empresas que não adaptarem suas práticas de contratação e gestão de talentos poderão enfrentar desafios ainda maiores.
À medida que observamos a evolução desse cenário desafiador, é fundamental que tanto as empresas afetadas quanto os gestores políticos desenvolvam soluções criativas e sustentáveis. Investir no treinamento da força de trabalho, na gestão de custos e na implementação de tecnologias que possam facilitar a mão de obra pode ser o caminho para restaurar a saúde do setor.
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